domingo, dezembro 13, 2009

...

Interessante que eu tenha começado a leitura de "Uma vida inventada" após tentar escrachar a minha vida e o percurso que delineou as minhas escolhas até aqui.
Acredito que essa transição entre o analógico e o digital (claro, tive ajude de amigos mais experientes) só não foi tão complicada como é para tantos educadores, porque na minha infância minha curiosidade foi alimentada e meu perfil e interesses respeitados... eu sempre quis "tudo ao mesmo tempo agora" e sempre me detive a observar e considerar o que tinha no meu entorno.
Difícil foi aprender a manter um limite elegante de palavras num e-mail, já que eu podia escrever longas cartas aos amigos distantes e meu primeiro (e por um bom tempo, permanente) namorado era tão fã das linhas redigidas quanto eu... Numa recente madrugada insone, assisti Cartas de Amor (ok, o filme é de 99) e fiquei com inveja do tempo e dos motivos pelos quais o casal protagonista pode redigir tudo manualmente!
Pensar na minha primeira máquina de escrever, no meu primeiro rádio gravador, na minha primeira máquina fotográfica, fez com que surgisse um turbilhão de emoções que estavam hibernando... desde aquela época eu já me apropriava das letras alheias para definir as minhas sensações... utilizava certas melodias... mas imprimia as minhas letras pessoais em músicas que não traduziam exatamente o que eu queria expressar...
Lembro que quando o Alexandre morreu... modifiquei essa canção para fazer com que tudo fizesse sentido novamente... e ainda hoje lembro dessa e de tantas outras que modifiquei!
Agora é a vez da Maitê:
"E quando eu derramar aqui toda intimidade, com a lista exposta a minha frente nessa associação livre, talvez a vida se revele dando algum sentido à caminhada, e quem sabe então eu esteja pronta para escrever num formato que disfarce melhor o fato de ainda então continuar falando de mim. Quando tiver me livrado de mim, talvez eu consiga escrever sobre os não-mim que há em mim e por toda parte. Não que considere isso que faço agora menor do que aquilo que farei quando puder fazê-lo, Não será tão complicado narrar na terceira pessoa, inventar lugares e dar nomes fictícios aos personagens da história que inventarei. Não será impossível fazer as coisas se eu respeitar agora esta ordem estranha que se impõe na tela do computador."

Nenhum comentário:

Postar um comentário