sexta-feira, junho 05, 2009

Os "Retalhos" de Graig Thompson

Em "Retalhos", Craig Thompson reconta o primeiro amor

A infância e a adolescência de Craig Thompson não foram das mais fáceis. Humilhado por colegas de escola, vítima de abuso sexual, educado sob um cristianismo rigoroso, este garoto criado numa comunidade rural do provinciano Estado de Wisconsin foi um típico "loser" americano, atormentado pelas memórias até tornar-se adulto.

Sorte nossa. Os fantasmas da primeira idade serviram de inspiração para "Retalhos", bela história em quadrinhos autobiográfica, 592 páginas que dialogam com os romances de formação da literatura clássica.

Lançado no exterior em 2003, quando o autor tinha 27 anos, "Retratos" chega agora ao Brasil após merecidamente receber algumas das principais honrarias do mundo da HQ, como o Eisner e o Harvey Awards nos EUA (2004) e o prêmio da crítica francesa no tradicional Festival de Angoulême (2005).

O traço detalhista de Thompson não desenha apenas agruras. As brincadeiras e brigas com o irmão caçula e, principalmente, a relação com Raina, a primeira namorada, guiam o fio narrativo de "Retalhos".

À Folha o autor conta que "tinha uma motivação simples" quando começou a escrever a obra, no segundo semestre de 1999. "Estava frustrado com o predomínio das histórias de fantasia bombásticas no meio da HQ. Queria fazer um livro longo que deixasse de lado as sequências de ação para capturar uma experiência íntima e silenciosa, como a de dividir a cama com alguém pela primeira vez. Os temas autobiográfico e religioso se encaixaram."

Thompson afirma que, quando fez "Retalhos", estava "especialmente inspirado" pelos escritos de Marcel Proust e Vladimir Nabokov e que absorvia as obras de quadrinistas franceses como David B., autor de "Epilético" (1996), história também autobiográfica.

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