sexta-feira, junho 05, 2009

Os "Retalhos" de Cristiane F.

Nós últimos dias tenho visto algumas amigas ensandecidas pela busca de um parceiro, de alguém para chamarem de "seus", na tentativa de capturarem um pouco da magia catalogada da data próxima...
Normalmente passo a data enamorada... o que não é o caso dessa vez... e vendo tanto alvoroço por nada, acabei atormentada pelas memórias...
Pertenço a esse seleto grupo de pessoas solteiras que não estão interessadas em contrair matrimônio... ninar bebês... criar cachorros... cultivar plantinhas... preparar reuniões familiares de toda ordem... fazer o que a sociedade convencional espera que façamos... Constantemente temos que explicar os nossos porquês, mensurar os nossos problemas, enfrentar a estranheza alheia... E o que eu acho disso? Sorte nossa!
Mas as minhas certezas, que a essa altura são muitas... dialogam com os romances... com aqueles três meses iniciais, onde a mera existência daquele alguém, faz as misérias parecerem mínimas... todas as vontades são tão imediatas e constantes... E depois de um tempo, as lembranças póstumas, as verdades que você enxerga quando a sensação de contentamento cai por terra, acabam fazendo com que os três meses no paraíso pareçam cada vez mais insignificantes!
Tanto amor, vira motivo de piada... e você, ali, no centro, a protagonista sutilmente cômica de uma encenação trágica... lembrando de ex-nomenclaturas e dos tantos momentos de agruras... Onde certamente o prêmio de crítica vai para aquele coitado (em todos os aspectos!) que comentava triufante o tamanho dos órgãos dos amigos... jantares... cinemas... viagens... e o assunto se repetindo... até que um dia você faz jus ao termo maligna e esclarece que não eram os amigos que sofriam de gigantismo e sim ele, que sofria de nanismo.
Num momento, as brincadeiras e brigas ocorrem em processo vantajoso para a primeira hipótese... ficam aleatórias... há um contrabalanço... então você começa a fazer brincadeira de mau gosto com a finalidade explícita de brigar e, finalmente, até brigar perde a graça!
Quando eu era mais nova (porém com um grande senso de oportunidade) tinha uma motivação simples... já que "namorar" era o que todos faziam e praticamente só o que havia a se fazer.
Nós... as adolescentes... empilhávamos revistas e livros com histórias de fantasia bombásticas... procurávamos ávidas por rostos na multidão... selecionando os que estariam aptos a compartilhar uma experiência íntima e silenciosa (talvez não tão silenciosa!).
O relato pode ter lhe parecido especialmente inspirado, levando-o a crer que eu sinto falta do que ficou para trás... mas afirmo, sem pestanejar, que parte do vivido foi (sim!) excepcionalmente boa, mas com o tempo as memórias se perdem... e admito que alguns retalhos ficaram puídos... manchados... desgastados... rasgados... outros eu doaria a quem os levasse (de bom grado!)... e dentre os que ainda são tocados, provavelmente não há tanto o que remendar que justifique as quase 600 páginas do nosso amigo Graig...

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